
Mauricio Macri, presidente argentino: em seu discurso, também se comprometeu a dar "total apoio à justiça independente que tem sido uma fortaleza da democracia nestes anos" (/)
Mauricio Macri, um empresário liberal da direita, converteu-se o novo presidente da Argentina nesta quinta-feira, prometendo “novos tempos” após finalizar o ciclo político mais longo da democracia do país liderado pelo casamento centro-esquerdista de Néstor e Cristina Kirchnner desde 2003.
Ante um chefe de estado provisório, Macri fez seu juramento em uma cerimônia sem transição de mandato com sua antecessora Cristina Kirchnner, ausente devido a um desacordo de protocolo estabelecido pela justiça no último minuto.
“Juro por Deus nosso Senhor e ante os Santos Evangelhos desempenhar com lealdade e honestidade o cargo de presidente da Nação”, afirmou Macri diante de Federico Pinedo, presidente provisório do Senado e encarregado pelo Poder Executivo até a hora do juramento.
Em seu primeiro discurso frente à Assembleia Legislativa, prometeu encaminhar a Argentina rumo ao desenvolvimento, lutar contra a corrupção e buscar “a união de todos os argentinos nestes novos tempos, após anos de confrontos”.
É preciso “reconhecer os problemas para que, juntos, encontremos as soluções”. A política “não é uma competência entre dirigentes para ver quem tem o maior ego”, acrescentou.
Em seu discurso, também se comprometeu a dar “total apoio à justiça independente que tem sido uma fortaleza da democracia nestes anos”.
“Não haverá juízes macristas”, assegurou.
Sem Cristina Kirchner
Escoltado por uma guarda de honra de 300 soldados a cavalo, Macri chegou à sede do Congresso acompanhado de sua esposa, Juliana Awada, em um carro fechado, seguido por centenas de simpatizantes.
“Esperamos por muito tempo. Desde 83, vimos muitas coisas. Estou esperançosa de que as coisas possam ser bem feitas”, disse Susana Antonietti, uma mulher de 60 anos que esperava nos arredores do Congresso enquanto fazia referência ao ano em que a Argentina recuperou a democracia.
Kirchner, que no dia anterior havia se despedido, em um ato público, de milhares de partidários emocionados, não assistiu à ascensão, assim como também não o fez o bloco de deputados de seu partido devido a um desacordo sobre a transição da banda e bastão presidencial, que Pinedo entregará mais tarde na sede do governo.
Uma falha judicial inédita pelo desacordo sobre a transição estabeleceu que o mandato de Kirchner terminaria na quarta-feira às 23H59.
Um minuto depois, explodia um carnaval de bandeiras, aplausos e buzinadas nos bairros residenciais de Palermo e Recoleta.
Este empresário milionário de 56 anos, casado três vezes, pai de quatro filhos e ex-presidente do clube de futebol Boca Juniors, é recebido com braços abertos pelo setor financeiro.